sábado, 13 de junho de 2015

Quando devo procurar terapia?

Como colocado em um post anterior, o consultório terapêutico ainda é recheado de mitos que acabam por atrasar a procura. Em minha prática, tenho percebido que a procura por um psiquiatra, ainda que seja difícil para algumas pessoas, tornou-se menos problemática, talvez devido à grande medicalização ocorrida hoje em dia, assim como à necessidade de uma cura rápida, sintoma de nossos tempos modernos. Gostaria de esclarecer que sou totalmente à favor da medicação quando bem administrada e para aqueles que realmente necessitem.
Fato é que qualquer pessoa que sinta a necessidade de procurar terapia pode e deve fazê-lo, no entanto, alguns exemplos abaixo mostram quando seria imprescindível:

1) "Sinto que tenho perdido o interesse por coisas que antes eram importantes para mim, tenho vontade de ficar deitado o tempo todo, tenho apresentado cansaço constante, problemas de sono, mudanças na alimentação, estou mais sentimental do que antes, às vezes sinto um grande vazio."
2) "Tenho grande dificuldade em relaxar, as preocupações tomam conta de mim constantemente; mesmo que esteja tudo bem, a sensação é de que a qualquer momento algo de ruim vai acontecer."
3) "Tenho crises de ansiedade quando próximo a algo que me dá medo, ou mesmo que não tenha nada que possa me deixar assim. Já cheguei a pensar que iria morrer."
4) "Preciso verificar coisas constantemente ou me prendo a rituais que me trazem grande sofrimento. Tenho medo de que meus pensamentos sejam ou se tornem verdade."
5) "Sou muito explosivo, tenho grande dificuldade de lidar com minhas emoções; pessoas próximas  tem se afastado ou percebo que tem medo de mim."
6) "Tenho muita dificuldade de me aproximar das pessoas, nunca sei o que dizer, tenho medo do que elas podem pensar de mim."
7) "Tenho dificuldade em me aceitar, acho que há algo de errado comigo e isso me deixa muito mal."
8) "Estou constantemente estressado, não tenho conseguido fazer meu trabalho como antes, minhas relações tem se desgastado, tenho sentido dores pelo corpo que não apresentam nenhuma causa aparente."

Independente dos exemplos acima é sempre importante pensar a nível de prejuízo e sofrimento: sente que suas relações familiares, sociais estão prejudicadas? Você não se sente bem por conta de algo que tem ocorrido ou simplesmente não se sente bem há um tempo? Não hesite, procure a terapia! O medicamento, como dito anteriormente, é essencial em muitos casos, no entanto, a não ser que sejam causas puramente neurológicas, a terapia é necessária em conjunto, pois te ajudará a encontrar a causa do seu sofrimento, assim como auxiliá-lo com novas formas de olhar e de lidar com a situação angustiante para que você tenha uma melhora de fato significativa.
Se os mitos ainda te atrapalharem, dê uma olhadinha no nosso post anterior: http://consultoriotcc.blogspot.com.br/2015/04/nao-deixe-os-mitos-tomarem-conta-de-voce.html


Por Mayla Diniz

*Imagem retirada da internet

terça-feira, 2 de junho de 2015

Habilidades Sociais para Fobia Social e Depressão

Nesse breve texto exemplificarei o THS e a forma de tratamento na Ansiedade/fobia social e na depressão.
Fobia social
A fobia social, pode ser definida, como um estado de ansiedade que provem da expectativa ou presença da avaliação interpessoal em lugares sociais imaginários ou reais (Leary, 1983) e a forma como esse indivíduo vai ser avaliado ou percebido pelos demais, de forma real, como ele interage ou de forma imaginaria de forma como ele considera uma interação, pensa ou até supõe de como estão pensando sobre ele.
Existem vários programas de THS para o tratamento da ansiedade social um deles é o proposto por Turner, beidel e Colley (1994), que apresentam um programa de tratamento baseado em quatro componentes: 1) Educativo (psicoeducação), Trata-se de informar os pacientes  sobre a natureza da ansiedade e natureza dos temores sociais; 2) THS; 3) Exposição, pode constituir em inundação in vivo ou na imaginação; 4) Pratica programada, que são atividades de exposição dirigidas pelo terapeuta que o indivíduo termina sozinho no ambiente natural.
O componente THS, é traçado para ensinar e/ou refinar as HS do indivíduo e proporcionar pratica nas interações sociais. Ele é dividido em três partes que são: 1) dar-se conta do ambiente social. Aqui ensina-se o indivíduo quando, como e onde iniciar e terminar as interações interpessoais; 2) melhora nas habilidades interpessoais. O indivíduo aprende os aspectos verbais e não verbais das relações sociais adequadas, centrando-se nas áreas problemáticas que são idiossincráticas dos indivíduos em fobia social; 3) Melhora das habilidades para falar em público. Ensina-se aos participantes os elementos essenciais do falar em público, incluindo a construção do que há de dizer e sua apresentação (Caballo, 2003)
Essas três partes abordam um conjunto comum em grande parte dos fóbicos sociais e os temas incluídos do THS são: Iniciar conversações; Temas apropriados e manter conversações; Prestar atenção e lembrar, mudança de temas; Estabelecer e manter amizades, habilidades para telefonar; interações heterossociais; habilidades assertivas; Escolher um tema e desenvolve-lo; estratégias para evitar que o público se distraia e como começar uma palestra de forma eficaz; Terminar uma palestra, forma e linguagem; Elementos não verbais, discussões e conversas informais, participação de congressos, jornadas.
Esse programa é utilizado quando a ansiedade do indivíduo em questão o impede de ter relações satisfatórias no campo interpessoal, e isso traz a ele malefícios ou desconforto em sua vida. Nem todo tipo de ansiedade é associada a baixa HS e a falta de interação social.
Depressão
A depressão é caracterizada pelo rebaixamento de humor ou por um estado de ânimo baixo, associada pela perda generalizada pelo interesse ou prazer, acompanhados por uma seria de sintomas como, perturbações no sono, do apetite, do peso ou da atividade psicomotora. O THS nesse caso é realizado caso o quadro depressivo esteja associado a um funcionamento social inadequado (Becker, Heimberg e Ballack, 1987)
O comportamento interpessoal inadequado pode ser decorrente de uma série de fatores, como exposição insuficientes a modelos interpessoalmente hábeis,  aprendizagem de comportamentos interpessoais  desadaptativos, oportunidades insuficientes para praticas hábitos interpessoais importantes, a diminuição progressiva das habilidades comportamentais especificas devido a falta de utilização e o fracasso em reconhecer os sinais ambientais para comportamentos interpessoais concretos. (Becker e Heimberg, 1985)
O programa de THS baseia-se nos seguintes temas: 1) Mudança do turno de palavra; 2) Mudanças de temas de conversação; 3) Esclarecimentos das comunicações dos outros; 4) Persistência, referindo-se a sinais que indiquem ambivalência na outra pessoa; 5) dar-se conta da emoção do outro; 6) Manifestações de futuros reforços ou castigo por parte do outro; 7) lembrar se determinados comportamentos foram bem recebidos no passado; 8) estar preparado para possíveis respostas imprevisíveis nos demais. Esses pontos estão relacionados as habilidades de conversação, os outros dois aspectos importantes para o tratamento da depressão são, asserção negativa, que está ligada a comportamentos que as pessoas defendam seus objetivos com a base em seus interesses e a asserção positiva, que se refere a expressão de sentimentos positivos acerca de outras pessoas, aprovação, afeto, amor, elogio (Caballo, 2003).
E com base de estudos na área foi comprovado a eficácia do uso do THS para o tratamento da depressão, havendo uma melhora significativa no quadro.


Por Victor Fernandes


*Imagem retirada da Internet